O dólar atingiu nova máxima hoje, fechando a 5,73 reais, maior nível desde 2021
A valorização da moeda reflete uma série de desenvolvimentos, incluindo a política monetária global, as condições fiscais brasileiras e as tensões geopolíticas.
O dólar fechou hoje a 5,7349 reais, alta de 1,43%. Este é o maior patamar desde 21 de dezembro de 2021, e o maior patamar registrado no dólar norte-americano durante todo o período do governo Lula, iniciado no primeiro dia de 2023.
Na tarde desta quinta-feira (1º), o câmbio subiu 1,44%, a 5,737 reais, atingindo máxima de 5,743 reais. O real e outras moedas latinas foram afectadas por uma aversão ao risco global desencadeada pelo agravamento das tensões geopolíticas no Médio Oriente.
Autoridades iranianas reuniram-se com representantes de aliados regionais no Líbano, Iraque e Iémen para discutir possíveis retaliações contra Israel após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão. Segundo a Reuters, a reunião ocorreu em meio a tensões crescentes na região, com o conflito entre Israel, o Irã e seus aliados ameaçando se expandir.
Além das tensões geopolíticas, os dados económicos dos EUA também preocupam os investidores. O índice de gerentes de compras (PMI) industrial dos EUA, medido pelo Institute for Supply Management (ISM), caiu para 46,8 em julho, de 48,5 em junho. Os resultados contrariaram as expectativas dos analistas consultados pela FactSet, que previam que o PMI subiria para 48,9. “Os fracos resultados económicos do país reforçaram o estatuto do dólar como um activo seguro”, disse o CEO da Multiplike, Volnei Eyng.
Os mercados ainda estão a digerir as decisões monetárias da Super Quarta-feira. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve optou por manter as taxas de juros na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. No entanto, após a decisão, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, disse que o Fed poderia considerar um corte nas taxas na sua reunião de setembro se a inflação continuar a cair conforme previsto.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 10,5% ao ano, em linha com as expectativas dos investidores. A decisão foi unânime. “A principal característica do comunicado é o equilíbrio de riscos, que foi revisado. Antes era simétrico, com dois vetores de inflação baixa e dois vetores de inflação alta, agora são três vetores de inflação alta e dois vetores de inflação baixa”, disse o chefe. , destacou a economista da CM Capital, Carla Argenta.
Apesar da mudança no equilíbrio de riscos, o texto não trouxe sinais claros de aumento dos juros em setembro. “O comunicado guarda uma certa dúvida, tanto para quem esperava um aumento, quanto para quem esperava que ele permanecesse inalterado. Com o passar do tempo, haverá mais dúvidas sobre o Banco Central e seus diretores, inclusive o governador Roberto Campos. A entrevista do Neto) deve esclarecer suas intenções”, destacou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.